Acadêmicos
Hugo Guerrato

Nascido em maio de 1957 – Bairro Caetetuba, município de Atibaia, filho de
Hugo Guerrato Filho e Marlene M. Guerrato, deixei a cidade por ocasião da
intervenção militar de 1964/65 – azo em que fixamos moradia na cidade de
Vera Cruz Paulista, pelo elastério de um ano e meio. Em face do trabalho
do nosso provedor da família, avançamos no oeste paulista para a cidade
de Tupã, nostálgica cidade que ainda me alcança com faustosas e inesquecíveis
lembranças.
Recebemos de nossos pais o mais precioso norte que um filho pode receber:
o temor a Deus sobre todas as coisas, porquanto primavam não só em
nos conduzir nas veredas da justiça com ensinos constantes e diuturnos,
instilando em cada um de nós a importância do respeito ao semelhante,
como também na transparência de conduta e na firmeza da palavra alicerçada
sempre na verdade.
Ir à missa aos domingos fazia parte integrante das nossas vidas. Acordávamos nos primeiros albores. Meus pais tinham satisfação de nos ver exordiando esse dia na primeira missa que se iniciava às 6:30, todos assentados em ordem decrescente logo no primeiro banco, pois visavam a nossa efetiva participação a fim de tornar visível a meta adredemente traçada em nos plasmar nos valores do Eterno —- razão de ver-me contemplado com estudos no Colégio Salesiano Dom Bosco.
\Nesse interregno, nossa família que se compunha de oito irmãos, além da tia/avó que residia conosco (por generosidade de minha mãe) e de uma empregada que auxiliava a família nas lidas domésticas, sofre, no fatídico mês de julho de 1971, a pungente dor pela a perda súbita de meu pai juntamente com o meu tio Luís Leme de Camargo, num trágico e inesquecível acidente automobilístico. Diante desse dorido episódio, nossa vida familiar enfrenta diametral mudança. Meu irmão caçula contava com 4 anos, e, eu, o primogênito dos homens, 14. Minha mãe, que possuía formação pedagógica à época, praticamente
renuncia a condição de governanta da casa para convolar-se na pessoa da provedora. Trabalhava ministrando aulas em Colégios e Faculdades e, cumulativamente, inúmeras funções na Igreja Católica. Vencidas as dificuldades da ocasião, em 1978 – minha mãe já exaurida pelo labor, num solilóquio rompe com as circunstâncias e opta, sem tardança, a cidade de São Leopoldo, Estado do Rio Grande do Sul, na grande Porto Alegre, por onde permanecemos até 1981, locus que nos ajudou a cindir paradigmas, construir projetos e alçar sonhos. Malgrado os benefícios, por razões de saúde de um familiar viemos para esta benfazeja cidade de Bragança Paulista, que tantas alegrias nos proporciona.
Aqui, tive a oportunidade de ser sorveteiro por cinco anos, quando montamos o Bicho-Papão – comércio que me oportunizou conhecer miríades e miríades de pessoas das quais medraram grandes amizades. Naquele comércio, nas horas de folga e de posse de uma máquina de datilografia portátil emprestada de um vizinho de porta, escrevia, nos quadrantes das minhas
limitações, alguns artigos opinativos sobre coisas pontuais da época, (sempre submetido ao crivo do meu incentivador e que se portava como meu corregedor, Dr. João Batista Ciuffo, emérito médico da cidade) a exemplo de um deles que, enviado ao Jornal “Estadão” em janeiro de 1985, sob o título Rock Rio – em que pondereisobre os efeitos subliminares da música, acabou pinçado pelo renomado teólogo americano R. N Chanplin PhD e inserido em sua enciclopédia – o que muito me envaneceu. Hoje, conquanto católico¹ na acepção da palavra e profitente cristão, perfilho a linhagem evangélica, sem, contudo, renunciar o apreço e a completude daquilo que aprendi de bom e elevadamente enriquecedor nas fileiras do Romanismo, base moral/cristã que proporcionou ser o que sou.
Nesse interstício de tempo terminei meu curso superior na área das ciências jurídicas, azo em que advoguei na cidade por 11 anos. A este mesmo tempo me matrimoniei com a Celina Russo Guerrato, minha inestimável esposa que me deu três filhos.
Deixei a advocacia por ter sido aprovado em concurso público federal, e optado por engrossar essa fileira em 1996 – na função de Oficial de Justiça Avaliador Federal – T.R.F da 3º Região – inaugurando o Oficialato Federal de Bragança Paulista.
Há dois anos ingressei na Academia Bragantina de Letras a convite do estimadíssimo Prof. Conrado Vasselai, o que muito me distinguiu, devendo, contudo, confessar integrar uma das mais faustosas comunidades de amigos que se notabilizam pela simplicidade, cujo ambiente descontraído, a um tempo nos excele e nos laureia ante as indeléveis reflexões que se orvalham e se consoam com amiudada e singular harmonia.
1 – do latim catholicu = universal – do grego katholikós = universal.